Beira Meu Amor

A Beira foi o grande amor da minha vida. Recebeu-me com seis anos, em Novembro de 1950 e deixei-a, com a alma em desespero e o coração a sangrar, em 5 de Agosto de 1974. Pelo meio ficaram 24 anos de felicidade. Tive a sorte de estar no lugar certo, na época certa. Fui muito feliz em Moçambique e não me lembro de um dia menos bom. Aos meus pais, irmão, outros familiares, amigos e, principalmente, ao Povo moçambicano, aqui deixo o meu muito obrigado. Manuel Palhares

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quarta-feira, fevereiro 22, 2006

O Poeta da Semana : António Gedeão


Forma de Inocência


Hei-de morrer inocente
exactamente
como nasci.
Sem nunca ter descoberto
o que há de falso ou de certo
no que vi.

Entre mim e a Evidência
paira uma névoa cinzenta.
Uma forma de inocência,
que apoquenta.

Mais que apoquenta:
enregela
como um gume
vertical.
E uma espécie de ciúme
de não poder ser igual.


António Gedeão

Fonte: Gedeão, António (2004) . Obra Completa. Lisboa: Relógio D' Água.

4 Comments:

Blogger Isabel Filipe said...

Um poeta que gosto muito.
Uma bela escolha...

Boa semana para ti

Bjs

quarta-feira, fevereiro 22, 2006 1:29:00 da tarde  
Blogger Manuel Palhares said...

Isabel,

Olá, boa tarde.
Muito obrigado pela visita e pelo comentário, minha amiga.
Também para ti uma boa semana.
Um beijinho,

Manel

quarta-feira, fevereiro 22, 2006 3:06:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Pedra filosofal

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso,
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos,
que em oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho alacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que foça através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara graga, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa dos ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, paço de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão de átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.
Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que o homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.



Manel,
Olha aí, a Pedra Filosofal completa...
O problema é que não sei o que fazer para que fique "lá na frente". Por favor, podes me ensinar?
Com um imenso beijinho, desejo um maravilhoso final de semana para toda família.
Mayra

sexta-feira, fevereiro 24, 2006 5:56:00 da tarde  
Blogger Manuel Palhares said...

Mayra,

Muito obrigado pela tua colaboração para a semana do Gedeão, com a sua incontornável "Pedra Filosofal", agora em versão completa.
Quanto ao que fazeres para que fique "lá na frente", é só escreveres o que quiseres publicar, não em comentários aos meus textos, mas sim no último link à esquerda, onde diz "Caixa do Correio para as Publicações dos Leitores", em baixo de tudo e enviares.
Depois eu, aqui, faço copy/paste e fica lá tudo.
Já agora até agradecia que enviasses qualquer coisa que queiras publicar, um poema de um poeta brasileiro, por exemplo, para inaugurarmos contigo as publicações dos leitores amigos que queiram publicar e não tenham um blog. Força Mayra, fico à espera.
Um bom fim-de-semana para ti e para os teus.
Um beijinho,

Manel

sábado, fevereiro 25, 2006 6:10:00 da tarde  

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